A   R   G   O   S

Entrevista com o Pesquisador Diego Cabello Pozzo da Universidade de Córdoba-Espanha sobre Melhoramentos e novas variedades de Oliveiras

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Dentro das atividades de desenvolvimento da Olivicultura vamos transcrever a entrevista traduzida (original nos arquivos da ARGOS) para o português do pesquisador Diego Cabello Pozzo, Engenheiro Agrônomo, membro do grupo de Pomologia da Universidade  de Córdoba, aluno do doutorado em Agronomia, desenvolvendo sua tese na área de melhorias da olvicultura , mais especificamente na necessidade de frio no Olivar,  da Universidade de Córdoba-Espanha. O pesquisador é membro colaborador da ARGOS já há algum tempo e faz parte de um grupo de pesquisadores espanhóis nas diversas áreas da olivicultura  que auxiliam a  nossa Instituição para bem servir e desenvolver a olivicultura no RGS e no Brasil.

A entrevista foi feita com o pesquisador por Guajará J. Oliveira -Presidente da ARGOS

Guajará: Em que consiste o trabalho que o  Grupo de Pomologia da UCO está desenvolvendo com as  variedades de oliveiras?

Diego – O Grupo de Pomologia do Depto. de Agronomia  da Universidade de Córdoba,leva a cabo desde 1991 , um programa de  melhora de oliveiras por cruzamentos com linhas principais de ação voltadas e centradas nos seguintes pontos: Precocidade na entrada de produção, alto rendimento em azeites, variedades voltadas para o desenvolvimento de olivais em linha, Variedades de alta concentração de ácido oleico e variedades voltadas a resistência a verticilosis .

Guajará– Poderias descrever um pouco para os associados e interessados em olivicultura no Brasil essas atividades?

Diego–  Meu trabalho específico dentro dessa atividade técnica/científica é avaliar as pesquisas que estão em curso das futuras e novas variedades que estão sendo criadas. Estes ensaios podem estar em distintas fases de desenvolvimento. Desde a inicial onde se avaliam muito individuos(plantas), com uma só repetição por genótipo. Há uma outra fase inicial que se avaliam muitos individuos mas com uma  só cópia por genótipo. Os genótipos que se escolhe nessa fase vão passando a ensaios com mais repetições mas com menos individuos(plantas).Figuras 1a e 1b. Se faz a medida do tamanho das árvores, estrutura, precocidade,peso da colheita, análise de rendimento do azeite, Em seleções mais avançadas se faz análise do tipo e quantidade de fenóis e ainda a resistência a verticilosis(fungo que ataca e mata a oliveira).diego fotos 2017 - 8

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Guajará . Quantas variedades de oliveiras foram criadas até agora.?

Diego– O programa IFAPA-UCO , se avaliou ou se está avaliando mais de 10000 genótipos e já se iniciou a avaliação de mais de 200 pré-seleções e se ensaiou ou se está ensaiando mais de 20 seleções avançadas, que são candidatas a serem registradas como novas variedades(fig.03). Quatro delas vão ser registradas brevemente. Em 2008 se registrou a sikitita, como uma variedade adaptada a olivais distribuidos  em linha, variedade esta que tem um vigor(crescimento) mais reduzido  que a arbequina, com produção semelhante e dentro dos parâmetros que já citei.diego fotos 2017 -5

Guajará . Qual é o tempo que uma variedade nova leva para ser criada?

Diego-  O tempo é o principal problema na criação de uma nova variedade ele leva em média de 20 a 25 anos . O programa em sua fase inicial começa com cruzamentos de plantas parentes que nos interessam, a obtenção do fruto dos ditos cruzamentos, sua germinação e a seleção precoce mediante um processo que nos permite encurtar o periodo juvenil (improdutivo) da oliveira em seu primeiro ano de crescimento,  chega-se nesse processo eliminar 40% dos individuos(plantas). Isso vai passando por avaliações e muitas repetições de um individuo(planta) a muitos indivíduos(plantas) se faz muitas repetições com poucos genótipos (fig.5) com fase de propagação do material entre um ensaio e outro.-diego fotos 2017

Guajará– A variedade criada quanto tempo leva para  chegar ao mercado mundial?

Diego –   Olha só para se registrar uma variedade na Europa é necessário se registrar a mesma  no Escritório Comunitário de Registro de Variedades Vegetais(OCVV)  e submeter o material a avaliação do Centro de Exames de Variedades da Oliveira(CEVO) , durante 04 anos(dois períodos produtivos)  onde se compara com uma coleção de referencia e se determina que o material é distinto de todo o que existe , que é homogêneo e que é estável. Resumindo para chegar ao mercado uma variedade nova depois de criada leva , então 04 anos depois de aprovada pelos Órgãos competentes, na melhor das hipóteses, podemos dizer que entre os primeiros estudos de criação de uma nova variedade e sua chegada ao mercado mundial decorre um tempo mínimo de 25 anos.

Guajará -Como se pode nomear uma variedade nova?

Diego– Em geral os parâmetros para  se estabelecer nomes estão ligados ao Catálogo Mundial  de Variedades . Não se pode , por uma questão de cuidados mínimos, inventar nomes sem nexo ou que não estejam diretamente associados a olivicultura. Isso é uma questão de lógica relacionada com o Setor.

Guajará – Queres complementar com outro tema nossa Entrevista.

Diego- Sim. Como sabes meu trabalho de doutorado é sobre a necessidade de frio nas plantações de oliveiras, um tema muito pouco estudado e que pode ser o motivo pelo qual  temos com muita frequência uma floração errática em novas zonas de cultivo de oliveiras como pode ser algumas partes da Argentina, Mexico,Brasil, Florida (fig.2a).diego fotos 2017 -3

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Guajará- Bem já que tocou nesse tema estamos oferecendo as plantações dos Associados da Argos  para que seu trabalho de doutorado possa ter informações e soluções a esse problema aqui no Brasil, que reputo muito sério. Podemos começar pela “Cerro dos Olivais”?

Diego – Pode ser sim . Não há problemas vamos estabelecer as normas e os procedimentos necessários para incluir as plantações dos associados da ARGOS nesse Estudo.

Guajará . Diego muito obrigado pelos seus esclarecimentos vamos trabalhar junto dentro do processo de desenvolvimento da olivicultura no RGS e no Brasil.

Diego- Obrigado a vocês da ARGOS  com a qual temos o prazer de trabalhar e colaborar porque a sua Entidade  tem a preocupação fundamental que é a evolução técnico/científica do Setor.  Isso não é pouca coisa.